Auto estranhamento

Não sei por que toda vez que volto aqui e releio alguma coisa tenho a impressão de ter sido escrito por outra pessoa. Tenho hipóteses. Pode ser que eu mude muito rápido. Pode ser que eu me expresse melhor através da escrita do que dentro da minha própria cabeça para mim mesma. Pode ser que eu esteja psicografando outra pessoa. Pode ser.

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Sobrepeso, obesidade e falta de vergonha na cara

Não sou nutricionista, médica ou educadora física. Nem pretendo ser. Sou uma pessoa que passou a maior parte da vida acima do peso, que já fez todo tipo de acompanhamento e que adquiriu, por experiência, algum conhecimento sobre o assunto. Como parte da “classe”, quis expressar minha opinião sobre um assunto cada vez mais recorrente: quem está acima do peso é por falta de vergonha na cara.

Esse assunto as vezes surge de discussões contra as fórmulas mágicas para emagrecer, sustentando o fato de que somente com mudança de hábitos, uma dieta equilibrada e exercícios é possível de fato emagrecer com saúde. Quanto a isso concordo 100%! Outras vezes ele surge de contra ataques de gente (magra) que acha um absurdo a proliferação de mensagens do tipo “amo meu corpo, mesmo com minhas celulites” ou “prefiso ser gordinha do que magrela”. Nesse caso a coisa ainda piora, pois falam que isso é argumento de preguiçoso que não quer malhar.

O problema, minha gente, é que vocês estão falando uma bobagem sem proporções, que dói o coração de qualquer gordinho ou ex gordinho ralando pra mudar. QUALQUER UM  dos profissionais que eu citei acima sabe, por estudo, que o emagrecimento não é simplesmente álgebra, o que comi e o que gastei. Existem outros vários fatores, desde predisposição genética, até substâncias reguladoras como hormônios.

Muitas vezes, mais que um mal do corpo, o sobrepeso ou obesidade é um mal psicológico.

A vida inteira eu fui maiorzinha, de fato, mas também desde a adolescência sempre fui saudável. Era da equipe de Handball, corria em dias que não eram de treino. Frequento a academia desde 2002 com curtos intervalos. Já fiz natação, vôlei, jump, pump. Hoje faço spinning, corrida intevalada e musculação. As únicas limitações que tive com meu peso foram psicológicas, como insegurança, e pra comprar roupas. Mas sempre me incomodei por não estar no ideal estético. Já fiz dietas com endócrino, nutróloga, nutricionista. Sei a tabela de calorias quase que de cor. Sei também que o que funciona pra muita gente não funciona pra mim.

Estar acima do peso já tendo uma rotina de exercícios e de alimentação boas gera muita ansiedade. É muito difícil obter resultados. Acontece que essa ansiedade gera stress, que acaba influenciando em algumas substâncias reguladoras do nosso organismo que controlam, por exemplo, a saciedade e a compulsão. Não só isso: vivemos em um mundo feito para sermos gordos mas anunciado por magros. Quem não trabalha em academia não tem mesmo tempo de morar lá pra entrar em forma. Eu por exemplo acordo às 6 para estar na academia de 6:40 às 8h. Trabalho as 8:30 e felizmente moro a 5 min do trabalho e da academia. A noite tenho minha casa para cuidar, compras pra fazer, e sim, tenho tempo ocioso que não troco por nada, pois é quando posso estar em casa com meu marido ou simplesmente cozinhar alguma coisa (que pra mim é lazer). Com isso eu consegui emagrecer um tanto que deu pra começar a reparar, mas num intervalo de 13 meses.

Sabendo que minha situação nunca foi crítica como a de um obeso, tento me colocar no lugar de uma pessoa com 30, 40kg pra perder. No início a mudança de hábito vai gerar resultados. Isso vai animar demais, dar um gás pra pessoa. Mas o problema é que quanto menos falta, mais difícil fica. E não me venham com papo de metabolismo, massa magra… sei isso tudo e sei que na prática, depois de um tempo, o corpo fica estagnado.

O resultado dessa desaceleração é devastador! A pessoa se dispôs a mudar sua rotina, deixar de lado muita coisa que lhe dava prazer, em nome de um objetivo que quanto mais perto fica, mais longe parece. E quando parece que ela está dando tudo de si, o nutricionista, educador físico etc, chega pedindo cada vez mais. É cruel! E é por essa situação que passa a maior parte das pessoas lutando hoje para emagrecer, principalmente as mulheres, que já tem mais predisposicão para acúmulo de gordura e um metabolismo naturalmente mais lento. Aí vem a ansiedade, e seu corpo ajuda a te sabotar. Seu psicológico não aguenta e volta para alguns hábitos antigos, seja pra compensar uma frustração ou porque você deixa de acreditar.

Na maioria dos casos não são desculpas, e as pessoas querem sim emagrecer. Como eu passo por isso TODOS OS DIAS eu posso afirmar que chegar ao peso, depois de uma batalha dessas, compara-se a passar no vestibular da Federal, ou sei lá, ganhar na quina! Sinto muito orgulho das pessoas que eu conheço que conseguiram manter um resultado (porque depois tem que manter, né, e não é fácil)!

Sim, existem os gordinhos preguiçosos, e a maioria deles faz é piada. Não estão dispostos mesmo, fizeram uma escolha (e não se ofendam com as escolhas dos outros porque não são as suas). E também tem gente que você olha e pensa “como ela deixou chegar nesse estado”? Garanto que a maioria dessas pessoas tentou várias vezes uma abordagem correta, com disciplina, mas que não conseguiu se manter por todos esses desafios do caminho que citei.

Então, se você é magra e linda, ou se você é sarado e saudável, pense 2, 12 vezes antes de dizer que só precisa de vergonha na cara. Precisa de muito mais que isso. Em parte, precisa de profissionais aptos a lidar com todos os desafios que envolvem a conquista de um corpo saudável.

E já que falei saudável, não sou preguiçosa, não sou magrela, e quanto mais eu emagreço mais acho idiota o padrão de beleza que as pessoas procuram. Dá pra ser feliz, ativa e saudável com umas celulites e até com pneuzinhos. O que não dá é pra generalizar, ofender, se achar melhor por tem uma coxa mais firme, ou por vestir 36.

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Planeta Terra 2011

Esse fim de semana estive com a caravana de BH em São Paulo pra, entre outras coisas, ir no festival Planeta Terra no Playcenter. Acho de longe o festival mais legal do Brasil, pelo menos dos que eu conheço. Isso muito por conta do local e do público.

Palco principal Lindo!

O Playcenter é massa. Não fui nem nesse ano e nem em 2010 em nenhum brinquedo, mas dá um clima muito legal ao festival. Fica bonito, colorido, feliz! E ocupa o tempo dos fanzocas de uma banda só. O público como sempre bem educado, cada um no seu canto, com sua turma, sem querer confusão, sem cair demais pelas tabelas. Foram lá pela música mesmo (e pra exibir os figurinos milimetricamente pensados). Como a vena de ingressos foi em tempo recorde, nem as gangues de ladrões de celular conseguiram comprar, o que deu um clima ainda mais seguro e legal pro festival. No quesito público, detalhe para a descoberta e uma nova categoria de hipster: a “trampster”, hipster de saícula, meia 7/8, decotão e oxford de salto.

Dos shows, o Strokes superou as mais altas expectativas, e o Interpol tava mais animado que de costume. Mas nem tudo foi legal. As bandas separadamente que eu vi fizeram bons shows (tirando a chatice do Toro y Moi), mas a sequência de shows deixou o festival meio paradão. Ano passado teve uns shows mais obscuros e menos pops, mas intercalados com coisas tipo Mika e Of Montreal. Teve mais equilíbrio. Esse ano deu sono.

Um ENORME problema do Terra continuou inalterado: o transporte. A ida é ok, tem metrô, ônibus oficial e lotação. Chegando em Barra Funda não tem uma sinalização sequer pra achar o acesso ao ônibus. A Barra Funda é grande nível 2 rodoviárias de BH juntas. Ou mais. Mas foi relativamente fácil achar porque era óbvio quem tava ali pro festival. Era só seguir. Acabou que nos levaram pro lotação extra oficial. Mas tudo bem, que era rápido e R$2 por pessoa.

A volta foi o inferno esperado. Os taxistas de SP são muito fdp e escolhem quem vão levar pela distância. Não vi preço combinado, mas vi gente sendo rejeitada pq a corrida ia dar barata, sento que dava pro gênio do volante levar a pessoa perto e fazer mais umas 12 corridas do tipo. Mas não. Um desses levou a gente pro Morumbi e não valia mais a pena voltar. O Playcenter é no meio do nada, e o festival não está nem aí pra segurança e mobilidade do público na volta. É ridículo. Penso que se teve ônibus pro pessoal chegar da estação, por que não um ônibus pra voltar pra estação? nem que pago. Ou um que deixe no centro, leve todo mundo pra um lugar menos hostil de voltar, com mais opção. Cruzes! Como demos sorte, achamos nosso taxi em meia hora, mas ficamos uma hora dentro do festival esperando passar o “grosso” da galera. Daí foi idêntico ao ano passado: sair andando, achar uma avenida e ficar tentando a sorte com outras milhares de pessoas.

Enfim, tudo me leva a crer que em 2012 eu volto, mas estarei mais velha e chata com problemas como esse. Espero que resolvam.

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Os donos do mundo

“Os homens estão destruindo o mundo”. Citação do Lucas, depois de ver notícia depois de notícia de imprudência e agressão. Realmente, parece que esses últimos meses houve um levante de irresponsabilidade e niilismo. O que mais me assusta é o descaso com a consequência dos atos dessas pessoas a terceiros.

Homens adoram dizer que as mulheres são muito difíceis, mas essa dificuldade de compreensão não é nada perto da sua potencialidade de fazer merda. Mulheres discutem muito, certo, mas dificilmente agridem. Se fazem de difícil, certo, mas na maioria das vezes é por falta de interesse mesmo.

Só pra deixar claro, quando digo “homens”, não estou generalizando, mas citando uma categoria específica de homem, que todo mundo conhece, e com quem felizmente não convivo. É o homem que se acha dono do mundo. Aquele que sai da boate tonto dirigindo (rápido ou não, em carro esportivo ou não), que acha que mulher é serviçal, que se acha melhor que os outros porque é mais forte, mais bonito, mais rico ou mais “estudado”. Esse homem está destruindo o mundo.

A mulher não quis ficar comigo? Vou causar dor física. Ou então ela tem que ser uma lésbica. Parafraseando o último caso aqui em BH, “Mulher tatuada ou é lésbica ou é puta”, e se não quis ficar comigo, acho que é lésbica, então vou mostrar pra ela o que é ser tocada por um homem pra ela aprender, mesmo que não queira. Homem desse tipo é ainda pior porque protege seus semelhantes. Não acha esse tipo de atitude nada além de normal. Quem se revolta é encrenqueiro, recalcado, está no lugar errado. E está mesmo, não é? Afinal, eles não mandam no mundo?

Num país conhecido pela impunidade e pela lei do mais rico, é apenas natural que esse tipo de gente apareça na sociedade. E os números só vão aumentando. Mas tem que haver revolta, inibição, xingar muito no twitter, no facebook, difamar, pra todo mundo saber que pode não ter consequência legal, mas se depender de quem fala, eles estão todos fudidos.

Não, meus queridos, não é ok usar a força pra subjulgar uma mulher (ou qualquer pessoa). Não, as mulheres não são todas umas putas e a balada não é self service. Não, mesmo que ela tenha tatuagens e se vista de forma ousada, não lhe dá ao direito. Não, não é ok achar que a rua é seu playground e arriscar matar outras pessoas com seu brinquedinho importado novo. Não, não é certo falar pro mundo de uma mulher, no seu maior momento de sensibilidade, que comeria ela e seu filho não nascido. Não, nosso corpo não é público, e só deve ser tocado com permissão.

Não, vocês não são os donos do mundo e sim, nós vamos revidar. Umas com palavras, outras com chutes no saco. Eu com ambos. E ai de qualquer um que ameaçar alguém na minha frente. Pode ser uma completa desconhecida, vai ter meu apoio e meus joelhos, cotovelos, unhas e pulmões.

Raça desunida? Vocês vão ver só com quem mexeram.

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Cuidado

Temos que ficar atentos para não nos desgastarmos demais tentando mudar algo em nós que só incomoda uns poucos. Às vezes é mais fácil e mais saudável mudar as pessoas que escutamos.

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Se fosse hoje

Não sei se mais gente pensa assim, mas direto imagino como me comportaria em algumas situações se soubesse o que sei hoje. Desde as mais esdrúxulas provocações de colégio a postura com clientes, professores ou família. Fico boba com o que deixei passar pela falta de perspicácia e pelo que deixei me afetar muito mais do que merecia pela falta de perspectiva.

Não sou uma fonte de sabedoria e vivência, ok, mas convenhamos que nesses últimos anos, o fim dos meus 20 e poucos, deu pra viver um bocadinho e repensar algumas coisas. O que tenho mais lembrado nos últimos dias é do meu discurso na formatura da Puc. Na época a missão de oradora da turma tinha outro significado. Hoje faria as coisas um pouco diferente. Se pudesse voltar no tempo e reescrever meu discurso, seria mais ou menos assim.

Aos meus queridos colegas

Passamos quatro anos juntos, conhecendo o melhor e o pior de cada um (ninguém consegue ser seu melhor todos os dias às 7 da manhã, ou logo antes de enfrentar um 4111 lotado debaixo do sol de meio dia e meia). No início éramos só deslumbre. Fomos nos encontrando no grupo, fizemos amigos. Amigos de verdade mesmo, que sei que vamos levar para a vida! Chegamos com cabeças e corações abertos a toda experiência. Nos expusemos e absorvemos tudo: das mais elaboradas teorias sociais às mais caras de pau picaretagens que encontramos.

Fomos bravos! Nos mantivemos acordados nas aulas de teoria. Enfrentamos um exército de pintores barrocos e lutamos (muitos até a morte) contra o Tuareg. Vencemos! Estamos aqui hoje para fechar um capítulo e abrir outro: o resto das nossas vidas.

Mas há um tempo não nos enganamos mais. Sabemos que não necessariamente seremos colegas de profissão. Aquele deslumbre todo do início foi se apagando a cada experiência de estágio, a cada perspectiva de salário e a cada “não” que ouvimos, como se fosse nada, de trabalhos aos quais dedicamos nossas almas e madrugadas. O idealismo continua lá! Vamos mudar essa zona, profissionalizar os clientes e trabalhar em uma agência que não escuta a palavra não. Seremos melhores que isso. É, mas dessa vez o idealismo vem com um plano B. Concurso, restaurante, grife de camiseta, negócio da família. Se não nos abatemos pelo desespero, sabemos que a última coisa que conseguimos aqui foi um caminho: na verdade, foi uma encrusilhada.

Vamos nos encontrar pelo mundo, alguns como publicitários, outros não. Mas nada disso foi tempo perdido. Se a vida é uma combinação de probabilidades, todos nós precisamos passar por aqui para chegarmos onde estaremos em alguns anos. E todo o conhecimento que adquirimos aqui nos será útil por toda a vida, seja para ter segurança na hora de fazer um trabalho ou para colocar um cliente no lugar mostrando que sim, você entende mais de comunicação do que ele.

Mas uma coisa é certa. Todos nós saímos daqui hoje muito mais capazes, maduros e esclarecidos. Todos nós temos o necessário para o sucesso. Agora quem determina nosso futuro somos nós, através do nosso próprio esforço. Somos donos do nosso destino, e graças à nossa passagem pela universidade, ele pode se desdobrar de várias formas. Agora temos mais escolhas.

E não se enganem. Apesar de sermos criados para acreditar nisso, trabalho não é a coisa mais importante do mundo. Qualidade de vida sim, e acho que é por isso que confundimos: qualidade de vida se conquista com o trabalho, mas se perde com ele também.

Somos uma geração muito cobrada por nós mesmos, e sentimos que temos que mostrar muita competência e sermos prodígios para retribuir todo o esforço que nossos pais tiveram para nos proporcionar essa oportunidade. Mas nossos pais só querem que sejamos felizes! E o que eles acham que nos fará felizes nem sempre é verdade.

Não, você não PRECISA sair da faculdade direto para um mestrado ou pós graduação. Você não PRECISA casar para ser mãe ou pai antes dos 34. Você não PRECISA consumir 16 horas do seu dia em um trabalho que não gosta para garantir uma carreira que não quer. Você precisa sim planejar a sua vida para realizar seus sonhos. Dá tempo, é só uma questão de prioridades e de não se perder no meio de exigências sociais que não dizem respeito às nossas vontades.

Uma das expressões que mais ouvimos durante a faculdade foi o “pulo do gato”. A tentativa de sair do convencional e fazer algo verdadeiramente original que vai se destacar. Então, meus colegas, acho que o que devemos pensar agora é no nosso próprio pulo do gato. Abandonar as convenções (só as que não nos servem), buscar uma forma realmente nossa de viver e sermos felizes, como publicitários ou não.

Quando te perguntarem, naquelas reuniões de colégio, “e aí, fulano, o que você faz?”, teremos muito mais o que responder do que “sou publicitário”. Seremos felizes, da nossa forma, e com isso teremos realizado tudo que queremos.

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da síndrome do namorado bundão

Tenho observado um fenômeno social muito interessante, se não trágico. A quantidade de casos de amigos de amigos, ou de namorados de amigas (e suas adjacências referenciais) completamente bundões.

Vamos começar direito, o que é um homem bundão? Bem caro leitor, sob meu entendimento, bundão é o cara que se antecipa a uma visão estereotipada de mulher e tenta evitar conflito se enquadrando nessas características. Isso pode até fazer sentido na relação dele, mas alguns extrapolam e se colocam dessa forma para cobrar uma atitude diferente de uma mulher que não corresponde a esse estereotipo, que outrora era visto como negativo, e até como o principal motivo deles permanecerem solteiros.

Um exemplo prático: o sujeito ficou solteiro, curtiu um bocado, saiu com os amigos, fez a festa. Conheceu uma menina e virou um eunuco. A menina, por outro lado, sempre gostou de festa, de ter uma vida independente, de não dar satisfação demais. Depois da bundalização do namorado, ela acaba se adaptando àquilo como se devesse esse comportamento de total dedicação a ele por ele dar isso a ela (mesmo sem ela pedir).

De onde veio isso?? Eu suspeito que as mulheres relaxaram bem nos últimos tempos. Depois de vários pés na bunda acabaram entendendo algumas coisas. Não precisam virar o casal para estar no casal, podem sair com as amigas, pensar diferente, não precisam ter vergonha de ler Guimarães Rosa e nem de ver Big Brother. podem, enfim, ser elas mesmas, porque o homem é só mais um aspecto da sua vida, só mais uma bolinha pra manter no ar. Fora ele tem trabalho, amigos, e todas as atividades que fazem ela ser ela. Aí fudeu.

Os caras surtaram! Acharam ruim o que eles sempre desejaram, porque sem a cobrança não tinham também aquela dedicação cega, aquela sensação de segurança de namorar uma menina completamente cega de amor, que vive pra te agradar. colocaram-se então no lugar delas, se tornaram a mulher da relação.

Nós mulheres sempre tivemos uma vocação para ceder. Acabamos nos adaptando para esse formato sem ver, e retomamos o “controle” do homem sendo controladas por ele. Acho isso muito danoso. Tudo que nos limita, que inibe o conflito pela troca de ideias nos torna menos do que éramos. A mulher e o homem vão desaparecendo dentro do contexto do casal. A felicidade dura tanto quanto a empolgação, e depois ambos sentem falta do que já foram, já fizeram, e se perguntam: mas porque não sou mais assim? Aí acontece a ruptura, um se mostra insatisfeito e a coisa toda explode.

Em outro caso, outrora mais comum, a mulher instiga esse comportamento. Tem mulher que vai exigir mais tempo, mais atenção, e o homem vai dar, sem pensar, sem tentar conversar, sem se preservar na relação. O efeito no final das contas é o mesmo: um casal que, passada a empolgação, fica monótono, sem idéias novas, com duas pessoas que de tão parecidas não se suportam.

Podia ter dado certo… Mas o cara era um bundão.

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Desfibrilador

tô vivo!

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síndrome de fã

O orkut inaugurou a febre de redes sociais no Brasil, e inaugurou também uma babaquicezinha de fã. Pouco depois tinha gente se gabando que tinha não sei quantos “amigos” e não sei quantos fãs.

Depois vieram o twitter e o facebook, nos quais as pessoas “seguem” suas postagens, ações, enfim, ficam sabendo de tudo da sua vida. Até aí tudo bem. A questão é que se criou um novo tipo de relação social: a do fã ou seguidor, que acompanha o que o outro tem (ou não) a dizer, mesmo não sendo essa pessoa uma celebridade, uma referência em algum assunto. Enfim, são pessoas normais seguindo outras pessoas normais, no melhor estilo Big Brother, por simpatia.

Normal, né!? Mas tem gente que tenta transportar essa relação para sua vida off line, e aí surge o que eu chamo de síndrome de fã. A pessoa tem amigos, conhecidos, como todo mundo, mas está tão acostumada a ser seguida que esquece que aquelas pessoas da vida real não são seguidoras, e sim frequentadores de espaços comuns, gente que quer uma amizade de verdade, relações de trabalho…

Essa falta de distinção faz com que ela perca a capacidade de comunicação bilateral, na qual dois falam e dois escutam. Ela começa a vomitar monólogos como se estivesse postando para seus seguidores.Aí ela vai se tornando cada vez menos tolerante a opinião do outro, já que os conflitos on line não são levados a sério e os off line são muito reduzidos, pois as relações de convívio e amizade são transformadas em seguido-seguidor.

Mas pior ainda me parece ser aqueles que conseguem levar sua situação de fã ou seguidor para a vida off line, e se acomodam em ouvir. Esses relacionamentos são até duradouros, mas são tão superficiais quanto monótonos, afinal, eles se baseiam em um discurso unilateral, muitas vezes vazio, onde não há troca de idéias, discussão e, portanto, crescimento.

Para um não seguidor, conversar com essas pessoas é dificílimo! Elas são sensíveis a qualquer comentário, já que na maior parte do tempo tem outras dezenas inflando seu ego, e não conseguem desenvolver uma amizade, já que entre amigos as discussões são uma importante parte do crescimento da relação e do entendimento um do outro. As pessoas com a síndrome de fã estão fadadas a uma variação enorme de sua rede de relações, pois mesmo o seguidor mais dedicado vai se cansar diante da ausência de conteúdo. Ela terá que fazer um esforço cada vez maior e se expor cada vez mais para ganhar novos seguidores, e sua vida lentamente vai migrar para o ambiente on line, pois ela vai desaprender cada vez mais como socializar off line.

Os desdobramentos disso veremos em poucos anos.

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Dia do publicitário

Vi uma pesquisa de algum país esperto da Europa ano passado que publicitários eram a 2ª profissão menos confiável, perdendo apenas para políticos (e ganhando de advogados).

Mas o que a gente vê hoje são novas faculdades lotadas de milhares de alunos e sei lá, 2000 turmas formando por ano em publicidade. Essas pessoas são ingênuas ou mal intencionadas?

Parabéns pra nós, que entendemos melhor que qualquer profissional o tanto que o mercado é cretino, mas ainda sim tentamos achar uma solução.

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